ESPORTE
Integrante de projeto social realizado em Santos, Juan Pablo Pino Cruz, de 21 anos, coleciona títulos e se tornou instrutor da modalidade
Processo de separação dos pais apresentou o jovem Juan Pablo Pino Cruz, de 21 anos, ao jiu-jitsu, em 2015 / Arquivo Pessoal
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O processo de separação dos pais apresentou o jovem Juan Pablo Pino Cruz, de 21 anos, ao jiu-jitsu, em 2015. Colecionador de títulos, o atual campeão sul americano faixa roxa meio pesado da modalidade, encontrou no esporte apoio para superar um drama familiar e mudar as perspectivas de sua própria vida.
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“Morava em Praia Grande, no Tude Bastos, e para não ficar na rua minha mãe me trazia para Santos para treinar jiu-jitsu em um projeto social que o Sinpolsan (Sindicato dos Funcionários da Polícia Civil de Santos) apoiava em parceria com o atleta Raul Faconti”, conta Juan.
Dedicado, na época com 17 anos, Juan Pablo conquistou títulos importantes na categoria faixa azul, como os campeonatos Mercosul, pan-americano e mundial de 2018. “O esporte me proporcionou fazer viagens de avião, até internacional, que eu nunca tinha sonhado, mantendo viva minha esperança de uma vida melhor”, destaca o atleta.
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Apesar dos resultados positivos no esporte, o atleta deixou o tatame por um período. “A separação dos meus pais me abalou bastante. Era muito difícil para mim aceitar, então procurei a felicidade em baladas e amizades que acabaram me afastando do esporte e da minha família. Fiquei iludido com os prazeres da vida”.
Para se reencontrar, o atleta contou com a ajuda de um tio e de um primo e foi morar em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes. “Me joguei para tentar fugir das amizades e voltar a ser o Juan Pablo, lutador de jiu-jitsu. Conheci pessoas muito legais, com bastante influência no esporte e no país, que foram essenciais para o meu crescimento e dificuldades com adaptação no país”, conta.
Em Abu Dhabi, ele conheceu campeões do jiu-jitsu e voltou a lutar. “Nesse tempo em que fiquei lá consegui treinar e tive a oportunidade de fazer a parte física em um grande clube de futebol, o All Ain FC. Lá disputei o campeonato mundial”. No entanto, a saudade da família falou mais alto e, após 45 dias, Juan decidiu voltar para casa. “Estava começando a ficar depressivo e com muita saudade”, afirma.
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O recomeço no Brasil contou com o apoio do antigo mestre, Raul Faconti, que lhe convidou para integrar a equipe profissional da academia que istra. “Quando ele me ofereceu essa oportunidade não pensei duas vezes, larguei tudo. Senti que era uma luz me chamando, e mesmo que tivesse alguma dificuldade sabia que lá era o meu lugar, pois ele me estendeu a mão quando mais precisei. Somos uma família”, destaca o atleta, que finalizou o ano como campeão sul americano e atualmente é instrutor da modalidade, auxiliando outros jovens a se tornarem potencias do esporte.
A história que vivenciou deixou ao atleta uma lição: “O lado positivo de tudo o que aconteceu é que estou mais próximo da minha mãe, e é isso que me faz ter forças todos os dias para ser uma pessoa melhor. Hoje estou feliz”.
SOCIAL.
O projeto que apresentou Juan Pablo ao esporte foi idealizado há mais de uma década, em Santos, pelo campeão de jiu-jitsu Raul Faconti. A iniciativa atende crianças e jovens da Baixada Santista, com aulas gratuitas da modalidade.
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“Em 2018 perdi minha antiga academia e ei por algumas dificuldades para reabrir, mas hoje estou com meu novo espaço e, no próximo ano, vamos abrir 20 vagas para crianças em situação de vulnerabilidade, que infelizmente não possuem o ao esporte”, disse Faconti.
E são inúmeras as histórias de superação que Faconti presenciou no projeto e tem orgulho de contar. “São diversos casos dentro do projeto, de crianças que sofriam bullying, que tinham problemas com aceitação, dificuldade na escola, problemas familiares e depressão. O jiu-jitsu foi uma ferramenta para que euconseguisse fazer a diferença na vida deles. O Juan é um exemplo disso, se tornou campeão sul americano, possui diversos títulos e dá aulas na minha academia”.