Ao Diário do Litoral, diversos comerciantes denunciaram casos de furtos, importunação sexual e ofensas verbais / Renan Lousada/DL
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Comerciantes, funcionários e síndicos de prédios afirmam que pessoas em situação de vulnerabilidade social estão causando diversos transtornos no Centro Histórico de Santos. À reportagem, eles encaminharam denúncias de furtos, importunação sexual, ofensas verbais, queima de cabos elétricos e fios, além do consumo de substâncias químicas em plena luz do dia.
"O entorno está contaminado, muito afetado por algumas dessas pessoas que também são usuárias de drogas. Com a reforma nos arredores do viaduto Aristides Bastos Machado, eles foram para uma outra praça", comentou o síndico de um dos prédios comerciais, que prefere não se identificar por questões de segurança.
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Segundo ele, às vezes eles surgem em grupos de 20 a 25 pessoas nessas situações, pelas quais costumam se revezar durante o dia para consumir drogas. "A situação piorou muito no último ano e está cada vez mais crescente. Infelizmente, esse cenário tem afetado a vida social do prédio".
De acordo com o síndico, o local foi furtado nas tardes de segunda (12) e quarta-feira (14), gerando prejuízo aproximado de R$ 1,8 mil. "Os indivíduos entraram e roubaram algumas mercadorias no minimercado interno que temos", comentou.
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Os episódios se estendem à parte externa. "Temos vários registros de furtos de telefone, pertences de veículos, além de capacetes de moto do pessoal que vem realizar as entregas".
A situação se estende a outras ruas do Centro. Segundo a gerente de uma loja, o local já sofreu episódios de furto por parte de duas pessoas em situação de vulnerabilidade social, no período da madrugada. "Já chegaram a levar uma placa de propaganda e várias mercadorias."
Segundo ela, durante o dia os episódios se resumem a ataques verbais. "Eles ficam parados na porta, inclusive dos restaurantes vizinhos, pedindo para pagar um almoço. Quando se negam, eles ofendem", comentou.
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Já a atendente de uma lanchonete afirma que vivencia constantemente esses episódios. "Eles costumam intimar os clientes a pagar o que eles querem, até escolhem o produto na geladeira, na vitrine", declarou.
"Eles entram na loja, pedem para o cliente dar algo e, quando ele se nega, a gente pede para ele se retirar, e eles começam a agredi-lo verbalmente. Às vezes, com algumas palavras assustadoras", complementa.
Atualmente 1.542 pessoas vivem em situação de vulnerabilidade social em Santos. Em um levantamento feito em 2019, realizado pela prefeitura do município em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), esse número era 868.
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Somente entre os meses de janeiro e fevereiro deste ano, o Centro de Referência para População em Situação de Rua (Centro POP), localizado no bairro da Vila Nova, realizou 1.958 atendimentos.
À reportagem, a Prefeitura de Santos informou que segue realizando, diariamente, uma abordagem social em vários pontos da cidade, principalmente no Centro.
Entretanto, o município disse que existem pessoas em situação de vulnerabilidade que se recusam a ir para o abrigo localizado na rede de apoio da Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds), e que a legislação impede que sejam retiradas à força das ruas.
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As ocorrências relacionadas ao uso de entorpecentes, a Prefeitura alega que são de responsabilidade da segurança pública. Em relação à perturbação ao sossego público, o município alega que as reclamações devem ser feitas pelo telefone 153.
Em nota enviada ao Diário, a Secretaria de Segurança Pública limitou-se apenas a dizer que, até o fechamento desta reportagem, o registro da ocorrência não havia sido localizado.