Segunda fase do VLT da Baixada Santista liga a Avenida Conselheiro Nébias ao Terminal Valongo, em Santos / Governo de SP/Divulgação
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Previsto para ser entregue desde 2022, a segunda fase da linha do Veículo Leve Sobre Trilhos se tornou uma verdadeira incógnita nos últimos anos. Em fevereiro de 2025, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que ele começaria a funcionar no prazo máximo de 180 dias. Entretanto, essa não é a primeira vez que é anunciada uma previsão para a obra.
Com a demora no início das operações, quem sofre são os usuários, que ainda precisam fazer a interligação com os ônibus, que quase sempre vêm lotados.
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"O ônibus me deixa na porta da faculdade, mas demora muito no trajeto e geralmente vem lotado", comentou um estudante que não quis se identificar.
Segundo ele, o trajeto do VLT, somado ao tempo que ele gasta andando ou fazendo a baldeação com os ônibus, resulta em uma viagem de 40 minutos. Com a implementação da segunda fase, esse percurso teria um tempo médio de 25 minutos.
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Já outro funcionário, que também não quis revelar a sua identidade, revelou que ganharia um tempo significativo para chegar ao Centro Histórico de Santos.
"Descendo na estação Conselheiro Nébias, tenho de pegar o ônibus e o processo total dura cerca de 50 minutos. Com o VLT, poderia ser reduzido para 30."
Anunciada pela primeira vez pelo então governador de São Paulo, João Doria, em setembro de 2020, a segunda fase do VLT da Baixada Santista liga a Avenida Conselheiro Nébias ao Terminal Valongo, em Santos.
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Um ano depois, em outubro de 2021, a Empresa Municipal de Transportes (EMTU) informou que as obras estavam previstas para serem finalizadas no final de 2022. Algo que não aconteceu.
Em julho de 2022, as reclamações dos moradores da Rua Campos Melo, em Santos, por conta das obras da segunda fase do VLT, mobilizaram uma equipe do Ministério Público para vistoriar os serviços.
Entre as denúncias que foram apresentadas na época estão a remoção de postes sem análise adequada, interrupção de redes subterrâneas, estreitamento de calçadas, interrupção de o a imóveis, entre outras.
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De acordo com o MP, com base no que foi observado, as reclamações "evidenciaram a falta de estudos adequados por parte da EMTU [Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo, construtora contratada]".
Já a Prefeitura de Santos disse em nota que atende a todos os questionamentos do MP desde o começo das obras, e agora cobra o governo de São Paulo.
Em março de 2023, uma audiência pública sobre os problemas trazidos pelo atraso na implantação do novo trecho do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) chegou a ser debatida na Câmara Municipal de Santos.
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No começo de junho de 2024, as fortes chuvas que aconteceram na região da Baixada Santista deixaram alagados diversos pontos do Centro de Santos, que estavam ando por obras do VLT. Eles causaram um grande transtorno para moradores e trabalhadores da região.
Além disso, o material usado para a realização do projeto, como pedras e areia, se misturou com o aguaceiro, criando armadilhas para quem se arriscava a atravessar.
Na época, o Diário do Litoral fez uma reportagem audiovisual dentro do projeto Diário de um Repórter, rotulada como "Feridas do VLT". Você pode conferir a produção abaixo:
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A produção mostra o martírio de moradores e comerciantes que vivem e trabalham no entorno do Mercado Municipal, no Centro de Santos, que chegou a ser comparado com um cenário semelhante a um pós-bombardeio, no meio de uma guerra.
Os testes da segunda fase do Veículo Leve sobre Trilhos começaram em setembro de 2024. O vagão percorreu a conexão da Linha 1, no cruzamento da Rua Campos Melo com a Avenida Afonso Pena, percorrendo 8 km na área central de Santos.
As atividades aconteceram durante a madrugada, entre as 0h e 4h, e atenderam aos gabaritos analisados de via permanente e eletrificação.
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Em fevereiro de 2025, o governador Tarcísio de Freitas revelou que o VLT aria a operar em até 180 dias, mas que a conclusão dependerá da licitação para a instalação das portas-plataforma, que estava prevista para o último mês de março.
Os equipamentos servem para abertura e fechamento sincronizados com os das portas do VLT, para organizar o embarque e desembarque de ageiros.
Entretanto, na primeira fase, que compunha os trechos Barreiros-Porto, o serviço ou a operar sem as portas em todas as estações.
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Na época, em nota ao Diário do Litoral, a EMTU disse que os serviços pontuais ainda estavam sendo realizados no segundo trecho do VLT, e que seguia ando por testes de rodagem de trens e aguardava a instalação dos sistemas restantes.
A segunda linha do VLT realizará a ligação entre a Avenida Conselheiro Nébias e a região do Valongo. O modal contará com 8 km de extensão, divididos em 12 estações, que terão capacidade de transportar 35 mil pessoas por dia.
É esperado que o serviço auxilie não apenas os moradores e trabalhadores locais, mas também os universitários por conta da proximidade das estações com a Universidade Católica de Santos (Unisantos) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Já a terceira linha contará com mais de 7,5 km de extensão e quatro estações, e pretende beneficiar os moradores da Área Continental de São Vicente.
Em nota ao Diário, a EMTU alega que os os serviços conclusivos da segunda fase do VLT que seriam realizados pela EMTU, em fase de liquidação, estão em tratativas para serem feitos pela atual concessionária, com execução fiscalizada pela Agência Reguladora de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp).
São reparos na via, em calçadas e serviços que ainda não cumpriram as exigências para que a EMTU "em Liquidação" conceda o Termo de Conclusão da Obra.
Em relação aos testes diários com os VLTs. eles continuam diariamente sempre por volta do meio-dia, sem ageiros. Já a operação assistida com ageiros tem início previsto para o próximo semestre, levando em conta a conclusão dos testes de rodagem do trem, de segurança e a instalação dos sistemas.
Com investimento total de R$ 693 milhões, o trecho Conselheiro Nébias-Valongo terá capacidade para transportar diariamente 35 mil ageiros. A obra trouxe, além da requalificação urbana ao longo do percurso, grande modernização da infraestrutura subterrânea de drenagem e rede de esgoto, aumentando a capacidade de escoamento que evitará enchentes.
O VLT tem se firmado como parte importante de recuperação de áreas urbanas degradadas e como potencializador do desenvolvimento do seu entorno, trazendo com isso mais qualidade de vida aos usuários.
A empresa ainda destaca que o número de pessoas transportadas pelo VLT equivale ao de 300 carros e cinco ônibus. Além de silencioso e não-poluente, é mais barato quando se mede o custo por km/ageiro, apresentando também um menor custo total ao longo da vida útil.
Desde o início da operação regular do primeiro trecho entre Santos e São Vicente, no ano de 2016, o VLT já realizou 514.397 viagens, transportando 54,5 milhões de ageiros.
A EMTU ainda afirmou que mais informações sobre o projeto poderão ser obtidas no site da empresa, no Serviço de Informação ao Cidadão, ou pelo site fala.sp.gov.br.